Pois estavam dois monges para atravessar um rio de forte correnteza, quando encontraram na margem uma jovem que pedia auxílio. Ela estava com graves problemas a resolver do outro lado da margem e não sabia nadar. Temia ser levada pela correnteza forte. Pediu aos monges que a ajudassem.
O primeiro monge se recusou dizendo que não poderia tocá-la. E atravessou o rio sozinho. O segundo monge se apiedou e deixou que ela se apoiasse em seu braço. Assim chegaram até a outra margem. A jovem agradeceu e se foi.
Os dois monges continuaram caminhando lado a lado. O primeiro, de cara fechada, nem mesmo olhava para seu companheiro. Até que este, finalmente, perguntou:
– Por que você está tão irritado?
– Por quê? Porque você tocou uma mulher, quebrou os votos monásticos. Você segurou a moça.
– Sim – disse o outro – mas eu a larguei em seguida. Você é quem continua a carregar aquela jovem.
Quantas coisas, situações, sentimentos, emoções carregamos desnecessariamente?
No momento em que houve a necessidade de segurar a jovem para atravessar o rio, o monge se disponibilizou, sem nenhum outro pensamento a não ser o de ajudar um ser humano necessitado. O outro, preso às regras, não foi capaz de ajudar e, muito pelo contrário, carregou em si a jovem por horas e horas junto com a irritação e o mau humor. Assim fazemos com emoções e sensações. Algumas benéficas e outras prejudiciais. Remoendo emoções e sentimentos, acabamos nos amargurando e criando sofrimento desnecessário.
Mais uma vez, a mente causando distorção da energia.
Parábolas Orientais comentado por Monja Coen